–1. O presidente Felipe Calderón continua a apostar no modelo de política norte-americana de “guerra às drogas” (war on drugas) como a única saída para reduzir a força adquirida, nos últimos dez anos, dos cartéis mexicanos.
Calderón, em quatro anos de mandato e com a militarização no combate às drogas a envolver o emprego de 690 mil agentes, amarga um trágico resultado. O número de mortes da sua “war on drugs” aproxima-se de 30 mil, com 70% dos executados sem qualquer correlação com os violentos cartéis ou com o tráfico de drogas, armas e pessoas.
Até ontem, foram contados 65 jornalistas mortos e 11 desaparecidos.
Os jornalistas estrangeiros que estão no México para cobrir a “guerra às drogas” e o fenômeno da violência já são equiparados aos “correspondentes de guerra”. Mas, estão em pior situação, pois, caso identificados pelos narcotraficantes, são seqüestrados ou executados: a máquina fotográfica, o computador, a caderneta de anotações, o passaporte e o celular são perigosos instrumentos a revelar a atividade profissional.
Em encontro com jornalistas ocorrido neste final de semana na embaixada do México em Roma, a jornalista Marcela Turati, uma das correspondentes de guerra no México, chamou a atenção para alguns dados alarmantes, além de insistir na cooperação internacional como imprescindível. Turati advertiu que no norte do México jornalistas são obrigados a publicar as matérias passadas pelos cartéis.
–2. Enquanto Calderón aumenta a participação do Exército e investe na fabricação de armas, carros de combates e munições, as estatísticas mostram crescimento de 50% das áreas de cultivo de maconha e papoula (para elaboração de heroína).
Importante lembrar que o México, ao lado do chamado Triângulo do Ouro (Tailândia, Laos e Birmânia-Mianma) e da Meia Lua de Ouro (Afeganistão Paquistão) já esteve entre os maiores produtores mundiais de ópio e heroína. Pelo jeito, poderá voltar a ser potente na oferta de ópio e heroína, isso porque já abastece o mercado norte-americano com cocaína colombiana e marijuana mexicana.
–3. Dos quase 30 mil homicídios consumados nos quatro anos de ‘ war on drugs’, a polícia e a Justiça conseguiram desvendar apenas 4%.
No universo de acusados de ligações com os carteis, apenas 10% foram definitivamente condenados.
Como acontece com todos os países de trânsito drogas proibidas ( e o Brasil é país de trânsito), o consumo interno e o número de dependentes cresce. No México, a dependência (adicção) aumentou em 50% no governo Calderon.
Também cresceu o porcentual de violações de direitos humanos: 130%.
Amexicana Ciudad Juarez, na fronteira com os EUA, está, ao lado de Darfur (Sudão) e Mogadiscio (Somália), entre as cidades mais violentas do mundo.
FONTE:http://maierovitch.blog.terra.com.br/2010/10/17/alarme-mexico-jornalistas-viram-correspondentes-de-guerra-e-aumentaram-as-producoes-de-maconha-e-opio/
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