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terça-feira, 12 de abril de 2011

Sementes de maconha reivindicam seu lugar nas cozinhas australianas

As sementes de maconha, ingrediente de produtos comercializados em todo o mundo, reivindicam seu lugar nas cozinhas da Austrália como um alimento nutritivo. Nos Estados Unidos, no Canadá e em países da União Europeia, são produzidos alimentos à base da semente de cânhamo (que tem "cannabis sativa" como nome científico), como barras de cereais, farinha, óleos e queijos vegetarianos. Porém, na Austrália, este produto "é estigmatizado", declarou à Agência Efe Andrew Katelaris, o promotor da iniciativa para legalizar o uso na culinária.

A Austrália comercializa o cânhamo em forma de cosméticos, fibras e alimentos para animais, mas uma coisa é oferecê-lo a cães e gatos, outra é permitir que cidadãos possam incorporá-lo a sua dieta diária.

Seus defensores argumentam que o governo ignora as propriedades nutritivas do cânhamo, porque "teme" a propagação dos cultivos desta planta por todo o país e acrescentam que cerca seis milhões de pessoas, mais de 30% da população, consumiram maconha em algum momento de sua vida.

Katelaris, médico e pesquisador, apontou que as sementes, ao contrário das flores, folhas e talos, têm baixa concentração de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), a substância psicoactiva do cannabis. Além disso, contêm proteínas, gorduras poliinsaturadas, como o Ômega 3, vitaminas, como a E, e contribuem para "desenvolver o cérebro e prevenir a demência", revelou Katelaris.

Apesar da resistência que a iniciativa encontrou entre as autoridades do país, os australianos consomem cannabis desde que foi introduzido pelos britânicos, no século 19. A planta, que segundo algumas pesquisas aumenta o risco de esquizofrenia e depressão, é ilegal na Austrália, mas a posse em pequenas quantidades e o cultivo de um número limitado de pés para uso pessoal foram descriminalizados em alguns estados e territórios do país na década passada.

Bob Carr, governador de Nova Gales do Sul entre 1995 e 2005, defendeu no Parlamento regional um projeto para legalizar o consumo de maconha para fins terapêuticos, uma proposta apoiada por Katelaris, mas que não progrediu.

A agência de segurança alimentar da Austrália e Nova Zelândia (FSANZ, na sigla em inglês) avalia, desde o ano passado, a solicitação de Katelaris para legalizar o uso de sementes de cânhamo para consumo.

Por enquanto, o órgão regulador concluiu que os alimentos elaborados à base de sementes de maconha "não representam um risco para a saúde" e "podem ser uma alternativa dietética útil".

Atualmente, a FSANZ submete a iniciativa à consulta popular como passo prévio aos debates que serão realizados nos governos dos diferentes estados e territórios do país.

Um dos desafios é a implantação de um sistema de controle para verificar se as sementes têm baixos níveis de THC, assim como a emissão de licenças para o desenvolvimento desta indústria de alimentos, explicou a porta-voz da FSANZ, Lydia Buchtmann, que assinalou que a decisão deve ser anunciada até o final do ano.

FONTE: http://noticias.terra.com.br/noticias/0,,OI5029729-EI188,00-Sementes+de+maconha+reivindicam+seu+lugar+nas+cozinhas+australianas.html

domingo, 3 de abril de 2011

Grandes bancos dos EUA lavaram dinheiro do narcotráfico

Carta Maior - [David Brooks] Alguns dos principais bancos e financeiras estadunidenses, entre eles Wells Fargo, Bank of América, Citigroup, American Express e Western Union lucraram durante anos com a lavagem de dinheiro oriundo do narcotráfico e só pagam multas mínimas, sem que nenhum executivo seja encarcerado quando as autoridades conseguem detectar o negócio ilícito.

Em múltiplos casos fiscalizados durante os últimos anos, estes bancos estadunidenses confessaram não ter cumprido as leis e regulamentos federais para controlar a lavagem de dinheiro, ao participarem das transferências de bilhões de dólares em fundos ilícitos provenientes do narcotráfico mexicano.
Esse é o caso do Wachovia Corp, antes o sexto banco do país, comprado pelo Wells Fargo em 2008 e agora o banco com mais sucursais nos Estados Unidos. O Wells Fargo admitiu perante um tribunal que o Wachovia não vigiou nem informou sobre as atividades suspeitas de lavagem de dinheiro por narcotraficantes, incluindo quantias para a compra de pelo menos quatro aviões nos Estados Unidos, que transportaram um total de 22 toneladas de cocaína. O outro banco envolvido na transferência de fundos com os quais se comprou um desses aviões – um DC-9 que em seguida foi confiscado no México com toneladas de cocaína – foi o Bank of America, reportou o Bloomberg News.

Tudo isso foi revelado num acordo judicial do banco com procuradores federais, em março de 2010. Nos documentos judiciais do caso lidos pelo La Jornada, Wachovia admitiu que não fez o suficiente para detectar fundos ilícitos sob sua administração, na casa de mais de 378,4 bilhões de dólares, em seus negócios com casas de câmbio mexicanas, entre maio de 2004 e maio de 2007.

Desse total, Wachovia processou ao menos 373,6 bilhões em transferências eletrônicas, mais 4,7 bilhões em traslados de dinheiro em espécie e outros 47 bilhões em depósitos de cheques internacionais. Nem todos esses fundos estão vinculados ao narcotráfico, mas segundo as investigações do Departamento de Justiça bilhões não foram sujeitos à fiscalização exigida pela lei, e centenas de bilhões de dólares desses fundos estavam diretamente ligados ao narcotráfico.

Wachovia, violação recorde

Pelo volume total de fundos que não estiveram sujeitos à fiscalização antilavagem de dinheiro, o caso do Wachovia se tornou a maior violação da Lei de Sigilo Bancário na história. Essa lei obriga os bancos a reportarem às autoridades toda transferência de fundos em espécie em valores acima de 10 mil dólares, assim como a informar sobre atividade suspeita de lavagem de dinheiro.

O procurador federal no caso, Jeffrey Sloman, declarou em março, ao anunciar o acordo com Wells Fargo: "A desatenção flagrante de nossas leis bancárias por Wachovia permitiu uma virtual carta branca aos cartéis internacionais de cocaína para financiar suas operações, ao lavarem ao menos 110 milhões de dólares em lucros com a droga".

Não é que ninguém tenha notado. O próprio banco admitiu perante o Tribunal que já desde 2004 o Wachovia reconheceu o risco. Mas apesar das advertências permaneceu no negócio, segundo os documentos lidos por La Jornada.

Esse negócio era a administração e traslado de fundos de pelo menos 22 casas de câmbio no México que tinham contas no Wachovia. Um exemplo citado nos documentos é o da Casa de Câmbio Puebla S/A, cujos gerentes criaram empresas fictícias para os cartéis e, segundo o Departamento de Justiça, conseguiram lavar uns 720 milhões de dólares, por meio de bancos estadunidenses.

De fato, foi o caso da Casa de Câmbio Puebla que detonou esta investigação das autoridades federais. Desde 2005 algunas transferências de fundos do Wachovia já estavam sob investigação, em suas sucursais em Miami, a partir do México, por meio de casas de câmbio, e estes fundos eram utilizados para comprar aviões destinados ao narcotráfico, informam os documentos judiciais do caso.

Por outro lado, durante esse período o diretor da unidade antilavagem de dinheiro de Wachovia em Londres, Martin Woods, suspeitava que narcotraficantes utilizavam o banco para mover quantias. Ele informou a seus chefes, que lhe ordenaram a deixar o assunto de lado, e por isso renunciou ao seu postos reportou a Bloomberg. Woods disse a essa agência que "é a lavagem de dinheiro dos cartéis pelos bancos que financia a tragédia...Se não se vê a correlação entre a lavagem de dinheiro pelos bancos e as 22 mil pessoas assassinadas no México não se entende o que está em jogo".

Depois de ser acusado de violar a lei, Wells Fargo, agora dono do Wachovia, comprometeu-se num tribunal federal de Miami a reformar seus sistemas de vigilância. Pagou 160 milhões de dólares em multa e, caso cumpra suas promessas feitas às autoridades federais, estas deixarão os encargos contra o banco em março de 2011.

Esta prática é comum nestes casos e se chama acordo de fiscalização diferida. Por meio dele um banco paga uma multa, coopera com a investigação e se compromete a não violar a lei, mais.
Nenhum empregado recusou a propina  Em 20 escritórios diferentes do Western Union, nenhum empregado jamais recusou a propina para permitirem envios de quantias atribuídas a laranjas.
Calcula-se que quase 30 bilhões de dólares em dinheiro vivo se mova de um lado a outro da fronteira mexicana com os Estados Unidos. E uma parte desses recursos é depositada em bancos de ambos os países e em bancos internacionais, a partir dos quais os fundos podem ser trasladados por todo o sistema financeiro internacional.

FONTE: http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=14083:grandes-bancos-dos-eua-lavaram-dinheiro-do-narcotrafico&catid=89:laboraleconomia&Itemid=99&sms_ss=twitter&at_xt=4d98d088ac1b6aed,0
Tradução: Katarina Peixoto

quinta-feira, 31 de março de 2011

SAG autoriza la primera plantación de marihuana

Según se informó a La Hora, el predio está ubicado en la ciudad de Los Ángeles y el uso de la cannabis será medicinal.

El 31 de enero pasado el Servicio Agrícola y Ganadero entregó el primer permiso en Chile bajo la ley Nº 20.000 para la plantación de marihuana. "Autorízase la siembra, plantación, cultivo y cosecha de especies vegetales del género cannabis", dice el informe entregado a La Hora.

Hace dos años que la empresa Agrofuturo había solicitado el pase para poder utilizar las plantas con fines medicinales. Finalmente cumplieron con las disposiciones que especifica la ley y se tomaron en cuenta también los informes de la Intendencia Regional del Biobío y de los organismos policiales correspondientes.
El predio destinado para este acto pionero en el país está ubicado en el sector El Álamo, comuna de los Ángeles, Región del Biobío, y posee unos 3.990 metros cuadrados.

En el documento se especifica que el lugar deberá estar "íntegramente cerrado" con un cerco de 1,8 metro de altura y siete hebras de alambre de púas. Además tendrá un segundo cerco, distanciado por cinco metros desde el borde, cuya altura debe alcanzar los dos metros, con una malla acma, cubriendo una superficie de 2.660 metros cuadrados. "Se dejará una banda de seguridad de cuatro metros, desde la cual se construirán las instalaciones", se indicó.

El único permiso que falta es el del Instituto de Salud Pública, entidad encargada de entregar la venia para que el privado pueda crear el medicamento que servirá para aquellas personas que padecen de cáncer, Sida y esclerosis múltiple, dijeron desde la empresa.

La siembra, según indicaron, comenzará entre junio y agosto, razón por la que querían mantener en secreto la información hasta esos meses y evitar "segundas lecturas" de la autorización.

A Agrofuturo se le solicitó un sistema de seguridad que impida el acceso al lugar de cualquier persona que no esté directamente encargada del cultivo. Además, la semilla destinada al cultivo deberá mantener registros actualizados de internación, ingreso a bodega y salidas a predio, que permitan una permanente "rastreabilidad física y documental del material". El traslado de semilla desde la bodega al lugar de siembra tendrá que ser previamente comunicado, por escrito, a la oficina SAG Los Ángeles.

Tanto para siembra como para cosecha se debe avisar previamente a la autoridad. En el primer caso se hará con treinta días de anticipación y en el segundo caso con sesenta días.

Autorización

Leonidas Valdivieso, director del SAG Región del Biobío, señaló que el 30 de septiembre de 2009 la empresa planteó la inquietud. "Han sufrido negaciones y seguían insistiendo. Cumplieron con los requisitos y tuvimos que aceptar", dijo.

Respecto de las voces que surjan contra el proyecto, la autoridad indicó que "puede haber gente que no le guste, como pasa en todas las cosas", pero "cumplimos con lo que la ley nos mandata".

Además, comentó que es la primera gestión de este tipo que se hace en la región. Por eso no cree que con esta información comiencen a surgir nuevos interesados. "Yo no quiero empezar a elucubrar que alguien piense que éste es un buen negocio", dijo.

Lo que más les preocupa como entidad es que se cumpla con la ley ya que los permisos se otorgaron hasta el 31 de mayo del 2012. En caso de que no se respeten las disposiciones y se caiga en delito, se hará la denuncia respectiva al Ministerio Público.

FONTE: http://lahora.cl/2011/03/31/01/noticias/pais/9-7817-9-sag-autoriza-la-primera-plantacion-de-marihuana.shtml

quarta-feira, 9 de março de 2011

Parlamento uruguaio debaterá projeto sobre cultivo e consumo de maconha

Montevidéu, 9 mar (EFE).- Dois deputados da Frente Ampla (FA), no poder no Uruguai, concluem os detalhes de um projeto de descriminalização do cultivo de maconha que enviarão esta semana ao Parlamento e que se soma a outro em debate desde o final de 2010, informou nesta quarta-feira à Agência Efe deputado Sebastián Sabini.

Ele disse que sua proposta, elaborada em conjunto com o deputado Nicolás Núñez, situa em 25 gramas a quantidade de maconha que o cidadão pode levar nas vias públicas e em oito as plantas que pode cultivar em sua casa.
"A partir dessas medidas se pode começar a presumir que o sujeito está traficando", afirmou o parlamentar.
Sabini pertence ao Movimento de Participação Popular (MPP), legenda do presidente José Mujica e que integra o heterogêneo FA, onde convivem desde ex-guerrilheiros tupamaros até democratas-cristãos, passando por comunistas e socialistas, grupo ao qual pertence Núñez.
Segundo o congressista, sua iniciativa "se dirige unicamente ao cultivo de maconha" e é bastante diferente do projeto anterior sobre a questão apresentado em novembro de 2010 pelo deputado Luis Lacalle Pou, do conservador Partido Nacional.
"A grande diferença é que o projeto de Lacalle Pou não fixa quantidades e aumenta todas as penas relativas ao tráfico sem diferenciar quantidades e substâncias", acrescentou.
O deputado do MPP disse que sua intenção é "gerar um debate a respeito da necessidade de adequar as penas às quantidades apreendidas, com a possibilidade de impor multas econômicas ou prestação de serviços comunitários".
Segundo ele, o objetivo final de sua proposta é determinar "em que momento pode se considerar que se está cometendo um crime", algo que "com a legislação atual fica nas mãos do juiz".

FONTE: http://br.noticias.yahoo.com/s/09032011/40/politica-parlamento-uruguaio-debatera-projeto-cultivo.html

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

EE.UU. impulsa proyecto antidrogas en Honduras que incrementará presencia militar

El Gobierno estadounidese informó este miércoles que tiene previsto implantar en Honduras un proyecto antidrogas similar al Plan Colombia, con el que incrementará la presencia militar en el país centroamericano.
Así lo dio a conocer en una rueda de prensa el subsecretario de antinarcóticos de Estados Unidos (EE.UU.) William R. Brownfield, quien se refirió a la iniciativa como una estrategia regional para fortalecer la lucha contra el narcotráfico.
"Veremos si podemos atraer también iniciativas de otros países, como Colombia o México, del Banco Interamericano de Desarrollo (BID) y la Organización de los Estados Americanos (OEA) y de otros gobiernos del hemisferio, esto con el fin de fortalecer la lucha contra las drogas, las pandillas juveniles y otras manifestaciones del crimen organizado", explicó el vocero.
Brownfield también agregó que en el plan EE.UU. ya destinó 200 millones de dólares y que la idea “no es eliminar o sustituir las iniciativas que ya existen, sino crear una nueva estructura, un tipo de sombrero por encima de todas las iniciativas que permitan más colaboración o coordinación”.
Las declaraciones fueron dadas en el marco de una visita que está realizado la autoridad al país centroamericano, iniciada este miércoles y que durará dos días. El objetivo de Beownfield es supuestamente  robustecer las estrategias contra “el crimen, que se ha transnacionalizado y tiene que ser enfrentado en conjunto por todas las naciones en alianza con Estados Unidos".
Con respecto a la implantación del nuevo proyecto, el ministro hondureño de Seguridad, Oscar Alvarez, afirmó que apoya la iniciativa, y agregó que su país la necesita.
"No tenemos un plan contra las drogas hecho para Centroamérica (...) Queremos para Honduras un Plan Centroamérica que ayude a todos los del istmo a enfrentarse al flagelo del narcotráfico, que tiene tentáculos poderosísimos”, añadió.
Para esta semana se tiene previsto que Brownfield se reúna con Álvarez y además, con el presidente hondureño, Porfirio Lobo, con quienes supervisará un ejercicio de entrenamiento de la Policía Fronteriza, asesorado por EE.UU. y a su vez firmará un acuerdo binacional para administración de prisiones y seguridad.
Este proyecto es similar al Plan Colombia, concebido originalmente en 1999 por los gobiernos de Bogotá y Washington, se estableció con el objetivo de hacer frente al narcotráfico, no obstante, es un instrumento legal mediante el cual la Casa Blanca pudo incrementar su injerencia y presencia militar en la región latinoamericana.
El año pasado, en el marco de una denuncia presentada al Gobierno Colombiano, el miembro del Comité permanente de defensa de los Derechos Humanos, Jairo Ramírez, señaló en entrevista exclusiva con teleSUR, que el dinero del Plan Colombia, es utilizado para cometer crímenes.
“Es con el dinero del Plan Colombia (que entrega Estados Unidos al Gobierno colombiano) que es con las armas de la nación, que es con la fuerza pública institucional que se han cometido muchos crímenes", aseguró Ramírez.
Pese a que constantemente el gobierno estadounidense acusa a Latinoamerica del incremento del narcotráfico, las cifras oficiales indican que EE.UU. es el mayor consumidor de drogas del mundo, con circulación de aproximadamente 250 toneladas de cocaína anuales y un comercio ilícito que reporta ganancias  por miles de millones de dólares.


FONTE: http://www.telesurtv.net/secciones/noticias/88768-NN/eeuu-impulsa-proyecto-antidrogas-en-honduras-que-incrementara-presencia-militar/

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Porqué Europa debe apoyar el pedido boliviano sobre la hoja de coca - ENCOD

COMUNICADO DE PRENSA
19 de enero de 2011

Antes del 31 de enero próximo, los gobiernos de los estados miembros de la ONU deben expresar si tienen objeciones o no al pedido del gobierno de Bolivia de modificar la Convención Única de Estupefacientes de 1961. En el artículo 49, incisos 1 c) y 2 e), esta Convención estipula que "la masticación de la hoja de coca quedará prohibida dentro de los 25 años siguientes a la entrada en vigor de la presente Convencion".
El objetivo de la propuesta boliviana es eliminar la obligación de prohibir el masticado de la hoja de coca a fines de permitir esta práctica, puesto que no causa ningún daño a la salud de las personas, ni ningún otro tipo de trastorno o adicción.
La hoja de coca es parte integral de la sociedad boliviana desde hace miles de años. Como alimento, como medicina natural, como elemento de sus encuentros y sus fiestas, la hoja de coca no falta en la vida cotidiana de la mayoría de la población. En la nueva Constitución del Estado Plurinacional de Bolivia que entró en vigencia en febrero de 2009, la hoja de coca se declara como « patrimonio cultural de la nación y la biodiversidad ».
Según la Convención Unica de 1961, los únicos que pueden hacer uso legal de la hoja de coca son las empresas farmacéuticas que la emplean como materia prima para la fabricación de cocaína legal, un anestésico, y es la Coca Cola, que sigue utilizando la hoja para producir el agente saporífero que da su bebida su gusto especial.
Los únicos tres países que habían presentado objeciones contra la propuesta boliviana fueron Egipto, Macedonia y Colombia, ya han retirado estas objeciones. Sin embargo, se sabe que los Estados Unidos ha buscado el apoyo de otros gobiernos para que objetaran a la enmienda boliviana.
De acuerdo a informes que han salido de las reuniones del "Grupo Horizontal de las Drogas" - el comité responsable para la política de drogas de la UE - los EEUU estarian preparando un grupo de países "amigos de la Convención" para oponerse a la petición del gobierno boliviano.
Algunos países de la UE, entre otros Francia, Suecia y Bélgica, se han mostrado dispuestos a apoyar la posición de los EEUU, entre otros porque "si la solicitud boliviana sería aceptada, ello crearía un precedente y amenazaría la Convención de 1961 así como la credibilidad política de la UE con respecto al combate contra las drogas y el narcotráfico".
Por ejemplo, si un país europeo presentaría objeciones contra la propuesta boliviana, actuaría en flagrante violación a la Declaración de las Naciones Unidas sobre los derechos de los Pueblos Indígenas adoptada en 2007, que establece el derecho de los pueblos indígenas de "mantener, controlar, proteger y desarrollar su herencia cultural, conocimiento y expresión cultural tradicional."
También actuaría contra la ciencia. No existe ningún documento científico serio que ha presentado pruebas de algún efecto negativo del consumo de la hoja de coca a la salud física o mental. En cambio, hay una gran cantidad de informes de expertos andinos e internacionales que mantienen que este consumo tiene efectos benéficos para las funciones del cuerpo y el bienestar del consumidor.
La eventual oposición europea a la propuesta boliviana será dirigida por motivos ajenos a la temática de la coca. Las verdaderas razones tienen que ver con el miedo de lo que podría pasar con la Convención Unica una vez que se ha reconocido oficialmente que contiene errores.
Si la ONU estaría obligada de admitir que la prohibición internacional de plantas como la coca, el cannabis o el opio ha sido basada en equivocaciones, entonces la base principal para la política de drogas de prácticamente todos los países del mundo simplemente se esfumaría.
La pugna es entre la legitimidad de una cultura ancestral y la credibilidad de los gobiernos dominantes en el mundo. Es David contra Goliath. Es de esperar que el gobierno boliviano prepara bien su estrategia en caso de que se presentan objeciones a su demanda. Una salida que le ofrece la ONU es la organización de una conferencia para plantear su propuesta en detalle, pero ello seguramente resultará una pérdida de tiempo.
Mejor sería que Bolivia, invocando el hecho de que el estado se ha renovado en 2009 con la aprobación de una nueva Constitución, decidiera de reconsiderar todos los compromisos internacionales que ha tomado el anterior estado, entre ellos la Convención Unica de 1961.
Si el mundo no acepta la hoja de coca, pues que Bolivia renuncie a la Convención Unica y eventualmente vuelve a firmarla, haciendo reservación con respecto al artículo e incisos 1 c) y 2 e), aduciendo que están en contradicción con la Constitución Politica del Estado Plurinacional.

FONTE: https://www.encod.org/info/PORQUE-EUROPA-DEBE-APOYAR-EL.html

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Morales faz campanha internacional para descriminalizar uso da folha de coca

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Agência Brasil - [Renata Giraldi] 
 
O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou que vai lançar uma campanha internacional na ONU (Organização das Nações Unidas) para aprovar uma emenda que “repare” os danos causados pelas interpretações supostamente equivocadas sobre a folha de coca. Morales lembrou que mastigar a folha de coca faz parte da cultura dos bolivianos e de outros latino-americanos. Segundo ele, a folha de coca deve deixar de ser  "criminalizada e satanizada".
"A folha de coca em seu estado natural é consumida pela população da Bolívia, do Peru, da Colômbia, do Equador, do Norte da Argentina e também há outros fins tradicionais, religiosos e medicinais", disse o presidente. As informações são da imprensa oficial, a ABN (Agência Boliviana de Notícias).
Para Morales, por falta de informações adequadas houve uma decisão referendada pela ONU, em 1961, proibindo o consumo da planta em seu estado natural. De acordo com o presidente, o consumo, como rege a tradição boliviana,  "não faz mal à saúde nem causa dependência".
"Meu objetivo [ao lançar esta campanha] é reparar o dano histórico envolvendo a folha de coca a partir da Convenção de 1961", disse Morales. "Há motivos de ordem legal, científica, social e cultural [para esta campanha]. O nosso desafio é continuar a 'desmonizar' o uso da folha de coca para o consumo tradicional", afirmou.
Por determinação de Morales, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, viaja à Europa na próxima semana para promover uma campanha destinada a aprovar a emenda que altera a Convenção de 1961. Morales disse que vai tentar falar diretamente com alguns chefes de Estado e de governo de vários países para negociar a mudança sugerida por ele. "[Os países] devem prestar contas com a história e a tradição, como o uso de folha de coca", disse.

FONTE: http://agenciabrasil.ebc.com.br/home/-/journal_content/56/19523/3163568

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Madri abre clube privado para consumo de maconha

Por Gunter Z. - Sampa


Érica Chaves Direto de Madri
Começou a funcionar há cerca de um mês em Madri, na Espanha, o Private Cannabis Club, o primeiro clube privado de consumo de maconha da cidade. Em poucas semanas, o grupo já reúne mais de 100 sócios com idades entre 18 a 70 anos que recorrem à sede para fumar tranquilamente sua cota mensal.
Para ser sócio é preciso ser maior de idade, passar por uma entrevista e pagar 10 euros por mês (o equivalente a R$ 23) para poder consumir um máximo de 50 gramas de maconha por semana. A maioria das pessoas vai ao clube apenas para se divertir, mas há também aqueles que usam a maconha de forma terapêutica.
Com quase 900 m², o Private Cannabis tem a maior sede de associação deste tipo em toda a Espanha, com muito espaço para o lazer. São salas com sofás, TVs com canais a cabo, vídeogame, pebolim, bilhar, um bar e restaurante com forno para pizza. "Nós queríamos, mais que um lugar só para fumar, um espaço de ócio com um bom restaurante para que as pessoas não precisassem sair da sede para comer depois de fumar", diz o presidente Pedro Álvaro Zamora García. Além de um cardápio comum a qualquer restaurante, no bar são vendidos brownies, biscoitos e sobremesas feitas à base de maconha.
Desde 1974, o consumo privado coletivo da droga é permitido no país, mas o clube compra a maconha semanalmente no mercado negro, mesmo não estando de acordo. O comércio de cannabis configura crime. Por isso, o Private Cannabis revende pelo preço que adquire e usa parte da cota paga pelos sócios para a manutenção do espaço.
Entre os sócios está Carlos Gonzalez. Ele recorre ao clube porque prefere não fumar perto dos filhos pequenos. "Explicarei o que é a maconha quando eles tiverem idade para entender, mas espero poder explicar que é uma droga qualquer como o tabaco ou o álcool", afirma.
Outro dos sócios, o venezuelano Paco Puig, que trabalha no bar da sede, diz que o emprego tem lhe tirado a vontade de consumir a droga. "Fico o dia todo aqui e só com o cheiro já perco a vontade de fumar. Às vezes, fumo quando chego em casa, mas não sinto falta. Não sou um viciado", diz.
Na família de Puig, ele e o irmão fumam maconha. Embora não tenha enfrentado problemas com a família por causa disso, é mais conservador quando o assunto são seus filhos. "Hoje meus filhos são crianças e não fumo na frente deles. Quando chegar a hora, explicarei o que eles quiserem saber, mas não admito que eles fumem antes de terminar os estudos e serem donos de suas vidas, afinal, um adolescente não consegue aprender matemática fumando maconha. Quero que eles sejam algo na vida", diz.
Negócio em expansão
A ideia de abrir um clube privado para consumo de maconha vem se expandindo na Espanha. São dezenas na Catalunha e na região basca, além de muitos em processo de formação em todo o país. Kamamudia, a associação mais antiga, funcionou de 1997 a 2001 com cultivo coletivo de maconha na região basca. Em 2002, a sociedade se desfez e deu origem à Pannagh, em Bilbao, e à Ganjazz, em São Sebastião. A primeira tem 377 sócios e a segunda, 255, mas com metade das vagas para usuários terapêuticos do THC (tetrahidrocanabinol, que é o princípio ativo da maconha). Ambas cultivam a droga para o consumo. "Nosso objetivo é informar as pessoas e ter um lugar para que elas possam consumir maconha de qualidade num local seguro sem ter que recorrer a traficantes", explica Iker Val, presidente da Ganjazz.
Segundo a Federação de Associações Canábicas (FAC), a Espanha tem mais de 2 milhões de consumidores e a principal luta não é a legalização, mas a normatização do uso da maconha no país. "Queremos ter controle sobre a produção e a qualidade e não aumentar o consumo para ter mais lucro, como é o caso do comércio do tabaco e do álcool. Com as associações que criam os clubes privados a situação está mudando radicalmente porque os consumidores deixam de financiar as máfias, pagam o preço justo e têm mais informação sobre as propriedades do produto que consumem. Além disso, permite que os governos da UE cedam sem mudar as leis já existentes", diz o presidente da FAC, Martín Barriuso.
A lei é a mesma para toda a Espanha, mas há regiões mais tolerantes que outras. Enquanto em basca a pena por portar maconha é o confisco da mesma, em Madri há multas em dinheiro que podem chegar a 1,5 mil euros (o equivalente a R$ 3.390).
Para o madrilenho Carlos Gonzalez, a demora em abrir o primeiro clube na capital espanhola está diretamente relacionada ao exemplo que uma capital deve dar ao resto do país. "A Catalunha e a região basca são duas áreas separatistas, que querem marcar algumas características que justifiquem que são diferentes do resto do país. Aqui em Madri, as pessoas são mais conservadoras. Foi preciso que alguns dessem sua cara à tapa para que conquistássemos esta liberdade. E depois deste primeiro passo, virão outros mais", explica.
(minha nota : enquanto isso, será que na maior metrópole da 5ª maior economia do mundo rola um clube privado para tabaco?)


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Guerra do tráfico em Ciudad Juárez registra recorde de 3 mil mortos em 2010

Ciudad Juárez, considerada a cidade mais perigosa do México, registrou nesta quarta-feira (15/12) a marca recorde de três mil assassinatos em um só ano, dez vezes mais do que o total em 2007. De acordo com a polícia local, a marca foi atingida após a morte de duas pessoas nesta terça-feira (14/12).

No ano passado, 2.763 pessoas morreram em Juárez, 1.140 a mais do que em 2008. Um total de 7.386 pessoas morreu em Juárez nos últimos três anos.

Diretamente afetada pela atuação de cartéis do tráfico de drogas, Juárez se tornou um símbolo da violência no México. Desde o início da política do governo de Felipe Calderón no combate ao crime organizado, mais de 30 mil pessoas morreram em episódios ligados ao narcotráfico em todo o país.

Aztecas

Em 29 de novembro, a polícia mexicana prendeu o suposto líder da gangue dos Aztecas, tido como responsável por grande parte da violência em Juárez, localizada na fronteira entre o México e os Estados Unidos. Os integrantes da gangue trabalham como matadores para cartel de traficantes de Juárez.

Arturo Gallegos Castrellón confessou ter ordenado a maioria das mortes ocorridas desde agosto de 2009, entre elas a de uma funcionária do consulado dos Estados Unidos na cidade e de cinco policiais federais, informou a polícia.

Os Aztecas e uma outra organização local, conhecida como Barrio Azteca, operam nos dois lados da fronteira. As duas gangues são aliadas ao cartel Juárez, que está lutando contra o cartel rival Sinaloa pelo controle da cidade e de suas rotas de tráfico.

FONTE: http://operamundi.uol.com.br/noticias/GUERRA+DO+TRAFICO+EM+CIUDAD+JUAREZ+REGISTRA+RECORDE+DE+3+MIL+MORTOS+EM+2010_8255.shtml

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Maconha é motivo de orgulho nas montanhas do Colorado

Milhões de americanos expressaram sua opinião sobre maconha nas recentes eleições de meio de mandato. No Colorado, 24 comunidades votaram para banir ou restringir lojas que vendem maconha legalmente, para uso médico. Na Califórnia, os eleitores se dividiram na questão da legalização da erva para uso recreativo – envolvendo itens como saúde, criminalidade e impostos – e votaram contra.

Mas aqui em Nederland foi apenas mais um belo dia nas montanhas.

A maconha tem estado em voga neste posto avançado da contracultura, a 2.438 metros de altura nas Montanhas Rochosas e uma hora a noroeste de Denver, desde os dias dos "bagulhos" do tamanho de um cigarro de Bob Marley e das piadas de Cheech e Chong.

A julgar pelos números, as coisas não mudaram tanto.

Uma aumento expressivo nas vendas de maconha para uso medicinal no último ano aqui no Colorado, assim como no Distrito de Columbia e outros 13 estados onde esse uso é permitido, certamente trouxe um novo elemento para a mistura. Lojas como a Grateful Meds, um dos sete fornecedores de maconha para uso medicinal em Nederland, cuja população é de 1.400 habitantes, agora possuem advogados para o cumprimento da lei e recibos de recolhimento de impostos sobre vendas na gaveta de dinheiro.

Mas maconha ainda é maconha, e a posição de Nederland sobre o que John Denver imortalizou como "a viagem das Montanhas Rochosas do Colorado" não mudou.

Registros estaduais mostram que a concentração de pacientes que utilizam maconha para fins medicinais e lojas que vendem cannabis para esse fim é maior nesta antiga área hippie do Colorado do que em qualquer outro local do estado.



Em Gilpin County, por exemplo, que começa na entrada de Nederland, quase um em cada 20 moradores se qualifica para o tratamento com cannabis – o nível mais alto no Colorado, e mais de três vezes a média do estado. A lei estadual, aprovada por um referendo de eleitores em 2000, permite o tratamento com maconha para uma lista de enfermidades, de câncer a dor crônica, se um médico verifica a necessidade.

E os médicos vêm fazendo um favor. O padrão "doente o suficiente para fumar maconha" se estende pelo oeste de Nederland, através de um arquipélago de comunidades que foram igualmente tingidas de tie-dye uma geração atrás e agora são a base para a indústria de turismo e resorts do estado.

Os condados de Summit e Pitkin, lar de cidades conhecidas pela prática de esqui, como Breckenridge, Keystone e Aspen, se orgulham de uma cultura saudável de atividades a céu aberto, mas também possuem uma quantidade desproporcional de casos de dor debilitante diagnosticada em jovens rapazes na casa dos 20 e poucos anos, como mostram registros do estado.

"Quem imaginaria dores tão severas afligindo os homens do Colorado?", disse Ron Hyman, registrador do estado de estatísticas e diretor do programa de maconha para uso medicinal do Departamento de Saúde Pública e Ambiente do Colorado.

Moradores de Nederland, como Hal Mobley, 56 anos, que estava a caminho da barbearia, perguntou mais ou menos a mesma coisa. A maconha faz parte da vida local, ele disse – não está mais disponível, nem menos, o uso continua o mesmo de décadas atrás.

"É para dor?", ele disse, protegendo os olhos por causa do sol.



Bem, a maconha também é um bom remédio para o orçamento municipal de Nederland. A arrecadação de impostos está em alta – em parte devido aos turistas que gastam dinheiro em restaurantes e lojas, mas muito mais em decorrência das vendas de maconha.

Somente em junho, enquanto muitas comunidades nos Estados Unidos ainda sofriam com a estagnação econômica, os impostos sobre vendas coletados em Nederland subiram 54% em relação a junho de 2009. Sem o imposto coletado sobre a maconha, o aumento seria de 22%.

"Já estava aqui, provavelmente uma capacidade ilegal, há muito tempo, mas agora há uma oportunidade para a indústria", disse o prefeito de Nederland, Sumaya Abu-Haidar. "Há uma oportunidade de livre iniciativa, para as pessoas ganharem a vida de uma forma que não estava disponível antes".

Philip Dyer, 45 anos, músico local, colocou de outra forma. O governo, ele disse, "finalmente ficou esperto o suficiente para regular e cobrar o preço".

Defensores da maconha para uso medicinal dizem que o padrão – uso medicinal mais predominante em lugares de uso historicamente recreativo – é simplesmente um reflexo do melhor conhecimento sobre a droga e suas propriedades. Pessoas de comunidades onde a maconha é aceita, eles dizem, sabem mais sobre seus benefícios medicinais do que a população de outras partes do estado, onde os pacientes de maconha são raros.

Mesmo assim, os moradores dizem que as coisas estão mudando.

De acordo com autoridades municipais, uma mudança demográfica nos últimos anos, com mais famílias, profissionais, trabalhadores da área de tecnologia e pessoas que trabalham em casa, criou tensões sobre questões de crescimento, desenvolvimento, turismo – e maconha, com muitos dos recém-chegados menos entusiasmados do que a velha guarda em relação à reputação de "maconheira" de Nederland.

No início deste ano, Nederland se tornou a terceira comunidade no Colorado a descriminalizar o uso recreativo da maconha. Porém, o voto, em grande parte simbólico, já que o uso recreativo ainda é ilegal de acordo com leis estaduais e federais, dividiu profundamente a comunidade. A legalização foi aprovada, mas por apenas 41% dos 477 votos computados. Uma proposta para realizar um festival de cannabis na cidade enfrentou grande oposição e foi recusado.

Entretanto, a cidade ainda tem reputação de ter boa maconha, um orgulho sobre o qual a advogada da Grateful Meds, Susan Eisman, fica feliz em falar, durante uma visita à loja. Enquanto muitas lojas têm talvez cinco variedades de maconha à disposição, a Grateful Meds possui 30, e atende a cerca de 300 pacientes.

"Temos pacientes que vêm de todo o estado do Colorado", disse Eisman. "E o principal motivo é a qualidade, quantidade, seleção e reputação. Outro dia um paciente veio de Longmont, a uma hora daqui, porque gostava de um tipo particular de maconha e não consegue obtê-lo em nenhum outro lugar."

FONTE: http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=217010

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Revista "Time" da semana (22/11) - The United States of Amerijuana

Para quem quiser ler a revista "Time" dessa semana pode fazer o download aqui no blog. Depois do plebiscito na Califórnia e da aprovação que permite o uso da maconha medicinal no Arizona, a revista traz informações sobre a santa erva, principalmente o seu uso medicinal, o que pensam e fazem com ela, além da situação desta nos diversos estados norte-americanos.

sábado, 13 de novembro de 2010

Referendo no Arizona aprova legalização de maconha medicinal

Fica autorizado o consumo de 70 gramas a cada duas semanas.
Paciente pode plantar erva em casa se morar longe de farmácia


A partir deste sábado (13), o uso medicinal de maconha é legal no estado americano do Arizona. A apuração de votos de um referendo sobre o tema terminou neste sábado (13), com a vitória dos apoiadores da proposição 203 ("Arizona Medical Marijuana Act"), que legaliza o consumo de maconha exclusivamente para fins medicinais.
O "sim" venceu por uma diferença de 4.341 votos. Na contagem de votos, o apoio à proposição 203 superou a rejeição pela primeira vez ontem (12).
Com a decisão, o Arizona torna-se o 15º estado americano a permitir o uso medicinal de maconha.
Fica autorizado o consumo de aproximadamente 70 gramas a cada duas semanas.
A cada 10 farmácias, uma poderá vender maconha, contra apresentação de prescrição médica.
Quem mora a 40 quilômetros ou mais da farmácia autorizada mais próxima, poderá plantar maconha, desde que tenha uma receita médica válida.

FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/11/referendo-no-arizona-aprova-legalizacao-de-maconha-medicinal.html

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Legalização da maconha: não se, mas quando

Ethan Nadelmann
Tradução Coletivo DAR
Iniciativa de legalização da maconha na Califórnia, a Proposição 19 não conseguiu a maioria dos votos ontem mas ainda assim representa uma extraordinária vitória para ampliar o movimento pela legalização.

O que é mais importante é o modo como a mera presença da votação combinada com uma campanha de rua transformaram o diálogo público sobre maconha e políticas para ela. A cobertura da mídia sobre o assunto não só na Califórnia como ao redor do país e até internacionalmente foi excepcional, em quantidade e qualidade. Mais pessoas sabiam sobre a Proposição 19 do que sobre qualquer outra questão colocada nas cédulas deste ano – não só na Califórnia mas nacionalmente.

O debate está migrando de se a maconha deve ser legalizada para como deve ser. Pesquisas de opinião revelam que na maioria dos estados os cidadãos apoiam a legalização. Uma liderança da campanha “Não à 19” admitiu que até mesmo seus próprios apoiadores estavam divididos entre os opositores à legalização da maconha e aqueles que são a favor mas têm dúvidas quanto a questões específicas da Prop.19 ou quanto à ameaça do governo federal de bloquear a implementação dela.

A Proposição 19 elevou e legitimou o discurso público sobre maconha. É pequeno mas crescente o número de políticos eleitos que endossaram a 19 ou disseram que votariam por ela – e a também crescente e frequente expressão de apoio privado por candidatos e eleitos que disseram que gostariam poder ir à público sobre suas posições. Está aumentando o número de apoios por parte de sindicatos, inclusive SEIU Califórnia, e organizações de defesa de direitos civis, incluindo a seção californiana da NAACP e a National Latino Officers Association.

A atenção internacional, especialmente na América Latina, foi intensa. O presidente do México, Calderon, e o presidente Colombiano Juan Manuel Santos criticaram a 19, pontuando-a como uma evidência da inconsistência da política de drogas dos EUA. Mas a possibilidade dela ser aprovada fez com que ambos presidentes defendessem um debate mais aberto sobre a legalização e outras alternativa a atual política de drogas. Diplomatas mexicanos em público castigavam a Proposição 19 mas no âmbito privado diziam torcer por sua vitória. Ninguém pensou que a vitória da 19 poderia instantaneamente tirar os traficantes mexicanos do negócio, mas todos reconheceram que representaria um passo fundamental para a legalização da maconha definitiva nos dois lados da fronteira. E definitivamente iria minar as organizações criminais, que iriam perder sua vantagem comercial assim como o fim da proibição nacional ao álcool fez com os vendedores de bebidas.

Como seria ótimo se a Califórnia transformasse isso num exemplo”, disse o ex presidente mexicano Vicente Fox numa entrevista de rádio semana passada. “Tomara Deus que passe. Os outros estados dos EUA irão seguir esse passo”.

Existem agora sólidas e crescentes evidências de que a legalização da maconha é um problema com o qual os jovens se preocupam bastante – e colocando-a em votação aumentam as chances de que eles passem a votar. Os dois maiores partidos não tiveram escolha senão prestar atenção, especialmente quando a fidelidade política de seus jovens eleitores está sendo capturada. Os democratas corretamente observaram que o problema da maconha está lhes trazendo mais votos do que para os republicanos. Perguntado sobre o que iria mobilizar os jovens que elegeram Obama a votarem com os democratas novamente, o presidente do Partido Democrata na Califórnia, John Burton, respondeu com apenas uma palavra: maconha.

É notável ainda que Meg Whittman, a candidata republicana ao governo da Califórnia, não tenha atuado ativamente na campanha contra a 19, principalmente porque não queria se afastar de jovens eleitores que não se identificam com os democratas mas são convictos sobre legalizar a maconha. Jovens eleitores que estão num espectro político inclinado ao libertarismo, especialmente em questões como a maconha. Democratas e republicanos necessitarão repensar o problema quando Garu Johnson, ex governador do Novo México que já defendeu a legalização da maconha e a redução de danos para outras drogas, candidatar-se para as eleições primárias que elegerão o candidato a presidente pelo Partido Republicano como ele parece decidido a fazer. Jovens eleitores podem gravitar num número substantivo em direção a essa mensagem.

Para aqueles de nós engajados numa estratégia de longo prazo para a reforma da lei sobre maconha, o plano é o mesmo que seria se a 19 tivesse ganho: colocar a questão aos eleitores nos estados onde as sondagens mostram o apoio da maioria para legalizar, e introduzir leis semelhantes em assembleias estaduais. O apoio público para a legalização já atinge hoje a faixa dos 50% não só na Califórnia mas num crescente número de estados, incluindo Washington, Oregon, Alaska, Colorado e Nevada – então é razoável esperar que iniciativas eleitorais como a 19 aconteçam nestes estados nos próximos anos. É muito cedo para dizer se a questão vai voltar às urnas na Califórnia em 2012 mas ao menos sabemos que uma proposta de regulamentar e taxar a maconha será considerada pela câmara estadual, assim como uma foi neste ano. E diversas outras propostas similares podem ser esperadas ao redor do país, estimuladas pela Proposição 19 e rapidamente aumentando o apoio nacional pela legalização.

Enquanto isso, a 19 já pode reivindicar uma grande vitória: o governador Schwarzenegger recentemente assinou uma lei que reduz a penalidade para posse de maconha de uma contravenção para uma infração não passível de prisão, assim como uma multa de tráfego. Este não é um problema menor em um estado que prende anualmente por posse maconha um total de 61 mil pessoas – mais que o triplo do que o número de 1990. É largamente assumido que a principal razão para o governador assinar tal lei, proposta por um senador liberal, Mark Leno, foi minar uma das argumentações centrais em favor da 19.

Demográfica, econômica e moralmente apresenta-se um ambiente favorável à morte da proibição da maconha. Mais da metade dos eleitores californianos menores de cinquenta anos declarou que votaria pela Proposição 19, e assim o fez. Os eleitores mais jovens são os mais favoráveis enquanto os mais idosos os mais opositores. Enquanto isso, os argumentos econômicos para a legalização – incluindo diminuição de gastos com repressão e incrimento do orçamento através de impostos da maconha legal – só irão se tornar mais persuasivos. A maconha não se legalizará sozinha, mas o momento está próximo como nunca esteve, com estadunidenses de todo o espectro político pensando que é tempo de tirá-la do armário e da justiça criminal.

Ethan Nadelmann é fundador e diretor executivo da Drug Policy Alliance (www.drugpolicy.org )

FONTE: http://coletivodar.wordpress.com/2010/11/03/legalizacao-da-maconha-nao-se-mas-quando/

A prop. 19: o que deu errado?


Não foi desta vez que conseguimos mudar a legislação perante o uso recreativo da maconha. A Califórnia, um dos estados mais populoso dos Estados Unidos, votou no plebiscito ontem, dia 02.11, pela legalização da maconha e, infelizmente, perdemos com 54% dos votos para que tal medida não fosse aprovada. Isto denota ainda um conservadorismo por parte das pessoas que votaram e que justificaram sua posição através de discursos que passavam pela idéia da aumento do uso da substância entre adolescentes e, por incrível que pareça, as pessoas que comercializam maconha medicinal e que temiam que seus lucros fossem negativados.

Foi uma batalha perdida para todos nós, movimentos e coletivos antiproibicionistas do mundo inteiro,  ter a primeira experiência de legalização da maconha. Mas podemos visualizar que o simples fato de ter havido um plebiscito desta natureza irá estimular o debate em outros países, incitará a mídia a divulgar notícias que fujam da idéia disseminada que a maconha é uma "erva do mal", podendo haver possibilidade de outros plebiscitos dessa natureza em outros paises.

No Brasil, acreditamos que isso irá demorar muito tempo para ocorrer. É preciso, em primeiro lugar, elevarmos os termos do debate. Ainda são poucos os que optam por fazer a defesa da maconha para seu uso medicinal e recreativo, assim como são poucos os que na sociedade acreditam que a legalização é a saída para o combate ao tráfico de drogas, e para a humanização no tratamento de usuários tóxico-dependentes.

Apesar de termos perdido com a diferença de 8%, surgem esperanças para que isto volte a entrar no debate e, quem sabe, posteriormente pensar a reavaliação desse plebiscito. Enquanto isto, aumentaremos o número de mortos pelo tráfico,  usuários dependentes de drogas desassistidos e usuários criminalizados.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Dia D para as drogas

Bruno Huberman 2 de novembro de 2010

Carta Capital

 
Californianos vão as urnas nesta terça-feira para decidir a nova configuração do Congresso e a legalização da maconha no Estado. O professor Henrique Carneiro afirma que caso aprovada, a legalização pode levar ao fim da guerra às drogas. 
A Bruno Huberman. Foto: AFP 

O professor Henrique Carneiro afirma que caso aprovada em referendo hoje na Califórnia, a legalização da maconha pode levar ao fim da guerra às drogas no México
No mesmo dia que os Estados Unidos vai às urnas decidir a nova formação do Congresso, os eleitores da Califórnia votam nesta terça-feira 2 a proposição 19, que caso aprovada liberará a posse e a plantação de maconha para uso pessoal, além de permitir aos municípios e condados locais regularem a taxação de impostos sobre a comercialização legal da substância.
A adesão da proposição não se resume apenas aos californianos. A legalização da maconha pode representar o fim da guerra contra às drogas. Mais da metade da população carcerária americana está presa por crimes ligados à drogas, a maior parte por posse e tráfico de maconha. Na segunda-feira 1, um dia antes do referendo, foram aprendidas treze toneladas de maconha em Tijuana, no México, na fronteira com a Califórnia. A batalha contra o narcotráfico já teria levado a morte de 7.700 pessoas no último ano e meio no México.
“Se a Califórnia legalizar, a tendência seria o México fazer o mesmo”, prevê o professor de História da USP Henrique Carneiro. Em entrevista, ele analisa a proposição 19 e esboça a nova conjuntura internacional que deve ser formada caso a maconha seja legalizada na Califórnia. Carneiro fala de como a “indústria da maconha” deve funcionar, que para ele é o principal motivo do provável sucesso da lei na votação desta terça-feira. Há grandes empresários interessados nas benéfices econômicas da cultivação da cannabis, a planta da maconha. Na semana passada, o milionário George Soros doou um milhão de dólares para a campanha a favor da legalização. “As drogas são, como outros produtos, gêneros de primeira necessidade. São algumas das principais commodities, mesmo que não sejam oficiais”, ressalta Carneiro.
Leia abaixo a entrevista com Carneiro, que além de discutir o combate às drogas e sua viabilidade econômica, aponta para os malefícios das drogas legais e sua exaltação em detrimento da demonização das ilícitas.

CartaCapital: O que você acha da proposição 19?
Henrique Carneiro: Eu acho um avanço, se estivesse lá votaria a favor. Ela representa uma mudança de paradigma em relação a visão da maconha, mas também em relação ao conjunto das drogas. O que não significa que ela tenha aspectos questionáveis. Já existe hoje uma espécie de legalidade oficiosa que criou toda uma cultura de cooperativas na Califórnia, de grupos que fazem um plantio em pequena escala. Essa proposição tem um sentido que alguns acusam de privatista. Porque ela vai no sentido de legalizar o auto-consumo, o que é muito positivo, mas em um limite bastante estrito. Para vender, ela vai exigir não só o pagamento de imposto, mas o pagamento de uma licença que é bastante alta que poderia chegar a quantidade de muitas dezenas de milhares de dólares. Isso levaria a absorção do mercado por grandes empresas limitando o funcionamento das cooperativas porque elas não poderiam mais comercializar.

CC: Vai capitalizar o negócio da maconha.
HC: Seria uma forma de não apenas auferir arrecadação fiscal, que é a grande questão de fundo que teria levado a mudança de paradigma de forma muito semelhante a Lei Seca. Depois da crise de 1929, se viu que era insustentável uma mercadoria de demanda tão alta como o álcool, e como é hoje a maconha, funcionar num sistema clandestino sem pagamento de impostos. Contudo, o efeito mais geral dessa medida é uma espécie de decretação da falência da guerra contra as drogas. Inclusive está sendo encarado assim por alguns presidentes bastante conservadores da América Latina, como o Vicente Calderón do México e o Juan Manuel Santos da Colômbia, porque fica uma situação completamente insustentável para eles. Eles são hoje objeto de uma guerra sanguinária entre grupos por causa desse comércio clandestino. Se a Califórnia legalizar, a tendência seria o México fazer o mesmo.

CC: O presidente Obama disse que manterá a guerra porque as leis federais são soberanas e não interessa o que os cidadãos da Califórnia decidam nesse referendo.
HC: Vai abrir uma situação de conflito político com o governo federal, mas a existência de uma decisão, ainda mais por plebiscito que leve a legalização, vai ser só uma pequena peça no dominó que vai desabar em relação a toda a lógica da guerra contra as drogas. A opinião pública nesses países já é bastante favorável nesse sentido. O problema é o Estado prescindir de um mecanismo de controle político, jurídico e policial. O grande sentido da guerra contra as drogas é esse, não tem nenhum sentido ligado a saúde pública. O sentido da saúde pública é um pretexto ridículo e insustentável porque a maconha é infinitamente menos danosa do que o álcool e o tabaco.

CC: O Danny Glover, um dos principais líderes do movimento pela proposição 19, diz que a criminalização da maconha prejudica principalmente negros e latinos, que acabam sendo presos por causa de pequenas quantidades. O combate as drogas acaba sendo um meio do Estado criminalizar essas pessoas?
HC: Certamente. Tanto lá, quanto aqui no Brasil, a situação é a mesma. Agora lá esse é um dos problemas da proposição, ela não incorre na anistia para os que já estão presos, que é da ordem de quase metade da população carcerária norte-americana. São quase um milhão de pessoas detidas por crimes ligados às drogas, a maior parte por posse de maconha.

CC: Qual seria o ideal a ser feito?
HC: O modelo ideal seria um que equalizasse os três circuitos de circulação de drogas que existem na sociedade contemporânea e que são artificialmente mantidos em circuitos separados. Um é o das drogas da indústria farmacêutica, os chamados remédios, mas que são drogas psicoativas. O outro é o das recreacionais lícitas que são o álcool, o tabaco e uma série de excitantes como os cafeínicos. E finalmente o campo das drogas ilícitas. As três deveriam ser equalizadas não no sentido de que todas sejam iguais, tem drogas que exigem um maior controle e tem drogas que exigem menos. O álcool exige um controle por causo dos efeitos comportamentais, você não pode permitir que a pessoa dirija, por exemplo. O tabaco, embora não tenha efeitos comportamentais, não pode ser permitido que afete o direito de um sujeito querer fumar em um ambiente fechado, assim como a maconha. Tem que ter uma série de critérios que estabelecessem níveis diferenciados de controle e permissibilidade ao acesso.

CC: Na França está correndo um processo para permitir o uso de certas drogas em salas especiais.
HC: Isso já existe em outros lugares como no Canadá, na Suíça e na Inglaterra de uma forma bastante bem sucedida. Isso é uma boa alternativa para a situação do crack no Brasil. Para o crack, o Estado teria que fornecer uma sala com cuidados médicos, psicológicos, onde as pessoas pudessem ter acesso a drogas puras e a programas de desabituação, mas se ela não quisesse largar a droga e apenas consumir, que ela pudesse obter nessas condições.

CC: Voltando a questão da legalização das drogas ilícitas, os presidente do México e da Colômbia dizem que a legalização das drogas tem que acontecer internacionalmente.
HC: Sem dúvida. Essa seria a chave do problema, seria uma ruptura da ordem global que rege esse negócio que está baseada em ações internacionais, que vem desde o início do século XX, com o objetivo não só inviável, como indesejável, de erradicação de algumas plantas. São exatamente algumas das plantas de maior uso no planeta, os derivados da papoula, da cannabis e da coca. Teria que haver uma ruptura desses tratados. Até hoje nenhum Estado tomou essa iniciativa, nem o Evo Morales na Bolívia. Ironicamente o primeiro país que vai tomar medidas que vão abalar essa ordem é o próprio país que foi o responsável pela instalação dela, os Estados Unidos.

CC: Alguns políticos democratas, inclusive, já disseram que é mais lucrativo plantar maconha do que algodão na Califórnia.
HC: Já é um faturamento superior a qualquer outro ramo da agricultura. No Canadá, que é outro país importante no agrobusiness, o faturamento da cannabis é maior ainda.

CC: Já está comprovado que a cannabis é economicamente lucrativa.
HC: Todo um setor do establishment mundial já se deu conta que é um situação permissiva em si mesmo porque ela cria várias irracionalidades sistêmicas. Uma irracionalidade econômica que faz com que você tenha um setor altamente rentável fora do circuito oficial, tanto fiscal como financeiro. E depois as consequencias indiretas, as “externalidades” como se chama em economia, que são os efeitos da violência e da guerra crescente em torno disso. Em contrapartida, há uma viabilidade política, que vem sendo a razão dessa política proibicionista adotada que é a de controle político de minorias sociais de setores pobres da população, de grupos de imigrantes. Sempre foi esse o grande objetivo: tentar estabelecer uma espécie de controle sociopolítico sobre as populações.

CC: A partir do momento que os Estados Unidos discutem essa questão, haverá um avanço no debate mundial?
HC: Sem dúvida, influenciará o debate no sentido de desarmar inclusive o falso consenso existente sobre a questão das drogas que boa parte da imprensa ajuda a manter, que é uma visão demonizante. É uma visão destituída de fundamento científico que elege algumas substâncias para considerá-las a expressão do mal em si. Essa visão acaba escondendo que os grandes problemas com drogas ocorrem tanto com as drogas lícitas quanto com as da indústria farmacêutica, que são substâncias de uso abusivo a nível superior ao das ilícitas. Um dos grandes problemas da sociedade é o uso excessivo e dependente, e muitas vezes até em overdose, dos remédios.

CC: Como está o debate no Brasil?
HC: Ele ainda é incipiente. Há uma falta de iniciativa política apesar de haver alguns setores, mesmo de pessoas ligadas ao PSDB, como o Fernando Henrique, que reviram um posição histórica, mas a consequencia disso nas políticas públicas, na própria campanha dos partidos no processo eleitoral, é nula. Esse exemplo dos EUA trará uma completa mudança do panorama, não só por uma razão ideológica de influência no sentido cultural desse uso, mas por uma razão econômica. As drogas são, como outros produtos, gêneros de primeira necessidade. São algumas das principais commodities, mesmo que não sejam oficiais. Cabe a qualquer país do mundo ter interesse em controlar os recursos naturais, garantir o abastecimento desses produtos. Falta no Brasil discutir questões ligadas a indústrias desses produtos. A maconha, por exemplo, não é um produto de uso apenas psicoativo, tem uma série de outras viabilidades econômicas que estão abafadas pelo uso como droga. Há um campo imenso para surgir um setor bastante rentável e deve haver uma discussão de como deve ser a natureza do modelo econômico que deve reger essa esfera da atividade industrial.

FONTE: http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/o-dia-d-para-as-drogas

Não há justificativa científica para proibir a maconha'

~Já se percebe a mudança no tom dos discursos de revistas como a Veja tratando da questão da legalização da maconha.

 

 

 

Stevens Rehen, especialista em células-tronco, defende a legalização

Stevens Rehen*
 
Stevens Rehen
 
Há pelo menos 6.500 anos a Cannabis sativa é consumida pelo homem, em diversas partes do mundo, nos mais variados contextos e períodos históricos. Chineses, egípcios, indianos e africanos foram os primeiros a cultivar a erva para fins comerciais, medicinais, recreativos e religiosos. Na Inglaterra de Henrique VIII e Elizabeth I, havia a exigência legal para que latifundiários cedessem parte de suas terras para o cultivo da planta, usada na produção de lona, cordas e misturada ao chá como analgésico. A própria rainha Vitória utilizava cannabis para aliviar sua síndrome pré-menstrual crônica e as dores do parto de seus nove filhos. Também há indícios que o primeiro Presidente dos Estados Unidos, George Washington, cultivava a planta.
A demonização do consumo da maconha tem como marco histórico a primeira Convenção Única de Entorpecentes da ONU em 1961, quando a erva apareceu ao lado da heroína numa lista maldita. Algo sem qualquer fundamentação científica nos dias de hoje. Desde então a repressão ao seu consumo gerou violência e não reduziu, muito pelo contrário, aumentou o número de usuários em todo o planeta, inclusive no Brasil.
Tal proibição impede o escrutínio sobre seu potencial terapêutico, incrementa o poderio e rendimentos financeiros dos traficantes, além de desperdiçar recursos do estado e esforço policial concentrados na busca e apreensão de uma substância reconhecidamente menos perigosa do que o álcool e tabaco.
Não há justificativa moral ou científica que sustente a ilegalidade do consumo de Cannabis sativa, incapaz de gerar qualquer benefício social ou estancar seu consumo. Por outro lado, existem argumentos ad nauseam sobre como a guerra às drogas é uma política de estado ineficaz. Mas certamente o principal motivo para a necessidade de sua legalização está na constatação de que uma política pública que já dura mais de 50 anos e não alcança seus objetivos deve ser revista.
Tudo o que é proibido não pode ser fiscalizado, fica à margem dos cidadãos e nesse caso específico financia o crime organizado. Um regime de disponibilidade sob controle rigoroso, utilizando mecanismos para regulamentar um mercado formal de produção, uso, compra, tributação e idade mínima legal é o mecanismo mais eficaz para impedir o crescimento desenfreado da violência e corrupção, cujo exemplo do México nos salta aos olhos.
A Califórnia terá a chance de redefinir mais uma vez os rumos e valores do mundo ocidental, assim como já ocorreu em diversos momentos da história recente, com a revolução cultural dos hippies, da informática, do financiamento para a pesquisa com células-tronco embrionárias. Uma decisão pela legalização tornará a Cannabis sativa equivalente às drogas lícitas, como álcool e tabaco, permitirá o recolhimento de impostos e um efeito cascata que pode mudar o mundo. George Washington ficaria orgulhoso.
*Stevens Rehen é professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, especialista em células-tronco embrionárias, e autor do livro Células-tronco: o que são? Para que servem? (Editora Vieira e Lent)

FONTE: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/nao-ha-justificativa-cientifica-para-proibir-a-maconha?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter