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sábado, 23 de outubro de 2010

Marcha da Maconha em Natal - A história de um e-mail

No dia 15.05.10 todos os discentes do setor II, ou do CCHLA, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, recebeu esse notificado da direção do centro. Após isso, fizemos o I Ciclo Cannabis e Preconceitos, onde fora debatido assuntos como os usos do corpo e a história do proibicionismo, com os professores Alípio e Maria Emília; exibimos o filme "notícias de uma guerra particular", com o professor Gilmar; debatemos política, ciência e maconha medicinal com o Sidarta Ribeiro, e sobre segurança pública e tráfico de drogas com o professor Edmilson Lopes. Recebemos algumas críticas conservadoras contra esse evento, alegando que a universidade não era espaço para se debater isto. Fizemos uma marcha em 30/07, e prosseguimos nos debates e na militância contra o proibicionismo e contra a guerra às droga. Daqui há uns bons anos sairá o livro "Coletivo Cannabis Ativa - A história de um e-mail".



"A Direção do CCHLA tem, nas últimas semanas, recebido várias reclamações referentes ao consumo de drogas ilํcitas nas dependências do Setor de Aulas II. Informamos a todos que a Segurança do Campus irá reforçar a vigilância do setor, no sentido de evitar que tal consumo aconteça. Providências administrativas-disciplinares serão tomadas - como já aconteceu no passado - e as responsabilidades apuradas, como determina o Regimento da UFRN, caso os usuários de drogas sejam identificados.

A Direção"

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Uso de drogas não é determinante na prática de crimes, aponta dissertação - Jornal da Unicamp





Comportamento criminoso é mais prevalente em portadores de  Transtorno de  Personalidade Antissocial

O uso de drogas ilícitas constitui uma das grandes preocupações das sociedades modernas. Se em vários países esse consumo tem diminuído, em outros, caso do Brasil, ele é crescente. O progressivo aumento da criminalidade tem sido imputado aos usuários de drogas psicoativas (SPA) – assim consideradas aquelas que provocam alterações transitórias no funcionamento cerebral levando, por exemplo, à desinibição provocada pelo álcool, à euforia gerada pela cocaína, ou à diminuição da ansiedade, às sensações de anestesia, alegria, embriagues, ou seja, àquelas que em suma são geradoras de prazer.
Estudo mostra que ser usuário ou dependente de substâncias psicoativas – como o álcool, solventes, maconha, cocaína, crack – não se mostrou determinante na prática de crimes. O comportamento criminoso é prevalente em consumidores de drogas portadores de Transtorno de Personalidade Antissocial.
É o que revela dissertação de mestrado orientada pela professora Renata Cruz Soares de Azevedo e apresentada à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp pela psiquiatra Karina Diniz Oliveira. A pesquisa foi realizada com 183 pessoas maiores de 18 anos usuários ou dependentes de substâncias psicoativas que iniciaram acompanhamento em dois dos serviços de referência no tratamento de dependentes químicos de Campinas: o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-AD) Independência e o Ambulatório de Substâncias Psicoativas (ASPA) do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.
Karina revela que a população estudada era constituída em sua maioria de pacientes do gênero masculino, em geral na quarta década de vida, provenientes da região de Campinas, sem companheiro fixo, escolaridade inferior a oito anos, baixa renda e inatividade laboral. O policonsumo – uso concomitante ou alternado – de diferentes SPA foi muito frequente, principalmente álcool, maconha, cocaína e crack.  O potencial de dependência do crack se revelou maior que de outras substâncias.
Segundo ela, delitos foram cometidos por 40% dessa população, em que 28% de indivíduos apresentam Transtorno de Personalidade Antissocial. Os principais crimes cometidos envolvem lesão corporal, homicídio, furto e roubo. Nesses delitos, afirma Karina, estão envolvidos principalmente sujeitos portadores de Transtorno de Personalidade Antissocial, com antecedentes de uso de solventes, sem religião, com poliuso e dependência a múltiplas substâncias psicoativas, principalmente ilícitas.
Na pesquisa, Karina discutiu os fatores relacionados ao cometimento de crimes em dependentes de substâncias psicoativas que procuram tratamento, centrando o levantamento na descrição do perfil sócio-demográfico; na avaliação do padrão de consumo; na determinação da prevalência de comportamento criminoso e os tipos de crimes praticados; na presença do Transtorno de Personalidade Antissocial; e, para finalmente, correlacionar estas variáveis visando discutir as interfaces e associações.
Revelações
No entender das pesquisadoras, o trabalho desenvolvido revela alguns aspectos muito interessantes. Os dois serviços de atendimentos públicos tomados como base de estudo são procurados por mais homens do que mulheres. Renata esclarece que entre os usuários de drogas a relação é de uma mulher para quatro homens e entre os que procuram o tratamento essa relação passar a ser de um para oito ou até doze. Para a docente, as mulheres têm vergonha de procurar tratamento, principalmente as mais velhas, talvez por causa dos preconceitos que enfrenta. Além disso, os tratamentos são em geral estruturados para os homens, não contemplando as especificidades do uso de drogas entre as mulheres.
Karina considera que a procura por tratamento é em geral postergada, pois as pessoas que os procuram encontram-se na faixa de 40 a 50 anos de idade, embora tenham iniciado o uso de drogas na adolescência. Esses usuários e dependentes, constata, enfrentam nessa fase de suas vidas as consequências socioeconômicas decorrentes, como situação financeira precária, desemprego, separações conjugais, relações familiares e sociais comprometidas.
Embora cerca de 40% desses indivíduos exibam comportamento criminoso, essas taxas são bastante diferentes quando considerados separadamente usuários de drogas lícitas e ilícitas, mudando mais quando se leva em consideração a presença de Transtorno de Personalidade Antissocial. Na população em geral, a taxa de indivíduos portadores desse transtorno é de 3% e entres os usuários de drogas chega a 27%, o que evidencia o significado da presença desse transtorno no comportamento criminoso.
Karina lembra que o usuário de drogas ilícitas está em contato com a criminalidade do narcotráfico, o que o aproxima do crime. Ademais, os efeitos psicoativos das substâncias ingeridas diminuem o medo e podem levar a atos que ele normalmente não cometeria. Ela lembra também que a necessidade intensa pela droga o leva a desconsiderar valores adquiridos de tal forma que mesmo indivíduos criados em famílias que lhe permitem introjetar valores conseguem se afastar de certos comportamentos.
A professora Renata destaca ainda a importância da ampliação das interfaces de áreas muito segmentadas como as médicas e jurídicas no encaminhamento dado a esses usuários porque “tratam-se de pessoas que são presas e julgadas”, diz. Ela defende também “a conexão da área médica com muitos outros segmentos porque as respostas médicas resvalam, além do jurídico, em questões sociais, antropológicas, entre outras e o estabelecimento dessas pontes é fundamental para sair do lugar comum e refletir sobre novas formas de enfrentamento do tema”.
Motivações
Ao considerar os objetivos da pesquisa, Renata afirma que o desejo era o de colocar em pauta a associação que se faz no senso comum, em que o usuário de drogas é considerado muito próximo da criminalidade, principalmente quando a droga é ilícita. Daí a necessidade inicial de levantar quantos dos usuários e dependentes tinham comportamento criminoso. Ela explica que a inclusão da avaliação de personalidade antissocial partiu de dados da literatura que considera que a atitude criminosa se manifesta em indivíduos com personalidade que desconsidera normas e regras, que se guia por um comportamento centrado no querer e fazer, independentemente das consequências e apesar das transgressões.
Segundo Karina, o estudo conseguiu confirmar que a droga age como o elemento ativador de uma tendência comportamental criminosa em uma pessoa que desconsidera o crime. Ela lembra que 85% dos que apresentam esse transtorno antissocial cometeram crimes, taxa que cai para 15% entre os que não o tem. E os crimes destes últimos apresentam menor potencial ofensivo e geralmente estão relacionados a furtos.
As pesquisadoras contam que geralmente o dependente de drogas procura o tratamento quando adquire a percepção dos prejuízos que lhe traz a dependência. Antes disso, ele cede à compulsão do prazer. Elas constatam que, quando ele se decide pelo tratamento, deve encontrar as portas escancaradas para atendê-lo porque talvez, depois, não encontre outro momento de resistência. E muitas vezes isso ocorre devido à demora no atendimento, no alongamento do prazo para consulta.
Karina destaca que uma das razões que faz o dependente procurar o atendimento é a perda de tudo, da família, do emprego e o tratamento constitui alguma coisa a que se possa vincular. Muitos são trazidos pela família porque estão em uma situação crítica e nesses casos não existe apenas um desejo, mas circunstâncias decorrentes da droga que se tornaram insustentáveis.
O trabalho
No trabalho de campo foi aplicado um questionário sócio-demográfico para levantar idade, religião, situação laboral, renda, condições de moradia, profissão, enfim, elementos que permitissem determinar o perfil desse usuário de drogas que procura tratamento em um órgão público e que possibilitassem ainda caracterizar seu padrão de consumo. Com ele, determinou-se a substância consumida, frequência, quantidade e papel da substância na vida do usuário. Em decorrência do uso das drogas, a pesquisadora pode levantar a perda social que o usuário teve em relação à manutenção de uma rede social de amigos, ao convívio com a família, ao emprego. No final, o questionário abordou delitos cometidos e problemas judiciais. Nos casos de delitos, procurou caracterizar o papel da droga em relação ao crime para determinar se os delitos foram cometidos por ação da droga ou para conseguir a droga.
Karina diz que a droga mais presente é o álcool – 40% eram seus usuários exclusivos e destes 100% eram dependentes – seguido da cocaína e do crack, mas muitos deles começaram com o uso de solventes cheirando produtos como cola de sapateiro ou benzeno, tolueno e tiner. Com base no universo estudado, Karina afirma que geralmente a dependência se iniciou com álcool e tabaco, passou pelo solvente e maconha e chegou à cocaína e dela ao crack, devido ao preço e à facilidade de encontrar. Embora não tenha feito parte de seu trabalho, ela lembra que hoje ocorre a passagem direta para o crack.
Publicação
Dissertação: “Perfil sócio-demográfico, padrão de consumo e comportamento criminoso em usuários de substâncias psicoativas que iniciaram tratamento”
Autora: Karina Diniz Oliveira
Orientadora: Renata Cruz Soares de Azevedo
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)

FONTE: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/setembro2010/ju475_pag07.php#

domingo, 5 de setembro de 2010

UFRN instala comissão de prevenção de drogas

UFRN instala comissão de prevenção e combate de drogas no Campus Universitário



O consumo de drogas é considerado hoje um problema grave que atinge todas as camadas sociais do país e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como forma de combater o aumento do consumo de drogas no âmbito universitário, instalou nesta quarta-feira, primeiro de setembro, a Comissão Interdisciplinar de Prevenção e Combate a Drogas Lícitas e Ilícitas no Campus Universitário.


Para compor a Comissão foram convocados membros representantes do Departamento de Serviço Social, Diretório Central dos Estudantes (DCE), Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), Departamento de Comunicação Social (DECOM), Departamento de Assistência ao Servidor (DAS), e a Divisão de Segurança Patrimonial. O grupo será presidido pelo professor do curso de Serviço Social, João Dantas Pereira.


A reunião de instalação da Comissão foi aberta pela vice-reitora, que destacou a importância da iniciativa. “A UFRN é uma Instituição atuante em várias áreas do conhecimento, logo precisa desenvolver ações específicas para combater esse problema que se alastra em nossa Universidade. A Comissão visa a oferecer prevenção e cuidado para as pessoas usuárias de drogas”, afirma. Segundo ela, a criação da comissão está prevista na Resolução Nº 053/2009, do Conselho de Administração (CONSAD), que regulamenta procedimentos administrativos de prevenção e combate a drogas lícitas e ilícitas no âmbito da UFRN.


Ângela Paiva lembrou que as primeiras reuniões para discutir a prevenção e combate ao uso de drogas na Universidade datam de 2007, quando o reitor Ivonildo Rêgo se reuniu com diretores de centros acadêmicos, que solicitaram providências urgentes. “A Universidade passava por um momento bastante grave”, destacou a vice-reitora, que disse ser esta uma questão prioritária da Instituição. 

COMISSÃO

Sob a presidência do professor João Dantas, do Departamento de Serviço Social, a comissão é composta pela assistente social Adelaide Maria Morais Avelino, e pelo servidor Sérgio George de Oliveira, do Departamento de Assistência ao Servidor (DAS); professor Aryovaldo de Castro Azevedo Júnior, do Departamento de Comunicação Social; enfermeira Juçara Machado Sucar e psicóloga Letiene Pessoa de Medeiros, do Hospital Universitário Onofre Lopes; o aluno Thomas Kefas de Souza Dantas, do Diretório Central dos Estudantes; e os servidores Rubens Matias de Sousa e Moisés Alves e Souza, da Divisão de segurança da UFRN.


O professor João Dantas também ressaltou que o grupo pretende desenvolver ações eficazes em três vertentes: prevenção, tratamento e repreensão. “Precisamos do engajamento da Universidade como um todo, pois se trata de um problema social que atinge não só alunos como também servidores”, diz.


Os procedimentos adotados para atuação da nova Comissão, segundo a resolução do CONSAD, vão contemplar ações sistemáticas de prevenção, como campanhas publicitárias permanentes, cujo roteiro foi apresentado durante a reunião, realização de eventos na Semana Nacional Antidrogas, palestras, seminários, debates, institucionalização de parcerias com a Secretaria Estadual de Defesa Civil, Conselho Estadual de Entorpecentes (CONEN) e outras entidades afins. Além dessas, haverá ações de tratamento, por meio do apoio psicossocial e clínico aos usuários, e de repreensão através do combate à aquisição, guarda, depósito, transporte ou porte de substâncias entorpecentes nas instalações da UFRN.



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O que é interessante nisso é que sabemos que a maconha será a primeira a entrar na lista das drogas. E o pior de tudo isso é que nesta reunião sobre "prevenção" das drogas não foram chamados nenhum dos integrantes do Coletivo , que são estudantes da UFRN e que todos têm conhecimento disso, para que seja possível um debate no mínimo "democrático".


Foram realizados discussões dentro da universidade para colocar no foco do debate essa postura assumida pela UFRN. Sabemos que essa "publicidade" foi "encomendada" aos estudantes de publicidade desta instituição como trabalho avaliativo obrigatório, ou seja, não fora respeitado nem a posição dos alunos que eram contra esse tipo de postura pois, graças a um ensino meritocrático vigente no Brasil, estes alunos não seriam aprovados na disciplina caso se negassem a realizá-lo.


O que estamos colocando aqui não é o fato de sermos contra a política de conscientização sobre as drogas, muito pelo contrário. O problema é que estes que desempenham esse papel sequer têm conhecimento acerca da política de redução de danos à saúde pelo uso indevido de drogas e acaba por abordar o tema de forma irresponsável, e que finda por apresentar resultados inexpressivos no combate dos malefícios provocado pelo uso contínuo e descontrolado de entorpecentes. Não se coloca em momento algum nestes trabalhos de alerta o uso medicinal  e recreativo da cannabis, excluindo a postura do diretor de pesquisas científicas do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), Sidarta Ribeiro, que escreveu o livro "Maconha, Cérebro e Saúde" em parceria com Renato Malcher-Lopes, alertando para as pesquisas que são desenvolvidas nessa área comprovando a inexistência de males ocasionados pelo uso da maconha.



Porém, sabe-se que o intuito desta campanha não é apenas para alertar sobre as conseqüências negativas das drogas como o cigarro, o álcool, o crack, a cocaína, etc.  Além de terem como alvo acabar com o consumo de maconha nos setores de aula, essa justificativa é utilizada para legitimar a repressão dentro da universidade aos usuários, tornando o espaço da construção do saber e do desenvolvimento acadêmico em um ambiente castrador onde impera uma moral hipócrita, conservadora e anacrônica.