08 de dezembro de 2010 | 0h 00
Bruno Paes Manso
Com estrutura enxuta, armas leves e sem a necessidade de controlar territórios para vender drogas, o tráfico é hoje o crime que mais cresce em São Paulo. Neste ano, o delito se consolidou como o que mais contribuiu para o aumento de presos nas cadeias e de adolescentes internados, ultrapassando o roubo qualificado, historicamente campeão no sistema penitenciário paulista.
As denúncias contra o tráfico são as que mais aumentam na Justiça. E, nas ruas de São Paulo, as ocorrências envolvendo entorpecentes são também as que mais crescem - 10.889 no último trimestre deste ano, comparado aos cerca de 7 mil em 2004. O resultado são prisões superlotadas. Entre dezembro de 2005 e junho deste ano, a detenção de envolvidos com o tráfico quase triplicou. Os quase 40 mil traficantes presos em São Paulo representam 62% mais do que toda a população carcerária do Rio. Os dados são do Ministério Público Estadual, do Departamento Penitenciário Nacional e da Secretaria de Segurança Pública. A situação também é dramática entre adolescentes - menores de 18 anos são cada vez mais recrutados como mão de obra nos pontos de venda. O reflexo é sentido na Fundação Casa: em novembro, as unidades ultrapassaram pela primeira vez a barreira dos 7 mil internos. Eram 5.754 adolescentes em 2006 - 55% trancafiados por roubo e 14% por tráfico. A explosão de internações ocorreu com crescimento de infratores traficantes, que representam 36,9% da população da Fundação, enquanto 37% estão nas unidades por roubo.
"Mais do que nunca, meninos passaram a ver o tráfico como oportunidade de emprego", diz a presidente da Fundação Casa, Berenice Giannella. "Estão abandonando o crime violento para migrar para o tráfico, porque, em tese, é uma atividade de menor risco, pouco uso de arma de fogo, com ganho mais rápido e que preenche a necessidade de um jovem consumista.
Em SP, facção hegemônica; no Rio, brigas O tráfico em São Paulo sempre foi diferente do do Rio. Em vez de facções com centenas de homens, fuzis e hierarquias, os pontos de venda paulistas eram pequenos e vulneráveis, com duas a dez pessoas disputando à bala prestígio e clientes. A situação começou a mudar em 2000 quando o Primeiro Comando da Capital (PCC) passou a coordenar a distribuição de drogas dentro das prisões e a hegemonia no mercado reduziu disputas de rivais.
FONTE: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101208/not_imp650863,0.php
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