segunda-feira, 18 de abril de 2011

Segundo Maierovitch, deputado terá de enfrentar a ira conservadora

O deputado Paulo Teixeira, líder petista na Câmara federal, em seminário sobre o uso medicinal da erva canábica (Cannabis Medicinal), defendeu a regulamentação da nossa legislação sobre drogas  a fim de disciplinar, dentre outras providências, o emprego da maconha e  a da constituição de cooperativas de plantio e fornecimento a interessados.

Como se sabe, a erva canábica possui propriedades que, no mundo civilizado, são largamente empregadas nos tratamentos de doenças. O uso médico-terapêutico da maconha difundiu-se pelo planeta e revistas científicas publicam experiências animadoras com relação ao emprego. Sobre o uso em rituais fúnebres, no século V a C, o grande historiador Heródoto escreveu a respeito: “abrandava a dor da alma”.

Nos EUA, por exemplo, vários estados-federados permitem o uso médico-terapêutico. E a “guerra proibicionista” do então presidente George W. Bush (bateu na porta da Suprema Corte para cassar as leis estaduais ) foi interrompida por Barack Obama. Cooperativas de médicos, nos EUA, importam regulamente a erva para uso medicinal. Na Holanda, em cada residência, podem ser cultivados, em vaso, até 5 pés de maconha para uso terapêutico. No Canadá, o próprio estado planta e fornece mediante apresentação de receita médica.

A manifestação de Paulo Teixeira, que há mais de quinze anos estuda o fenômeno das drogas proibidas e posiciona-se pela liberação da maconha inclusive para uso lúdico-recrativo, gerou manchete de primeira página no jornal Folha de São Paulo. A manifestação de Paulo Teixeira é pertinente e chega em bom momento.

Com efeito. A manifestação de Paulo Teixeira chega no momento em que a revista Child’s Nervous System, na edição do final do mês de fevereiro deste ano de 2011, publica trabalho de médicos canadenses sobre um tumor raro que se desenvolve em crianças, de modo a ocupar espaços no cérebro e a destruir tecidos vivos.
Para tais casos, a cirurgia era o único caminho seguido. A partir das pesquisas desenvolvidas pelos supracitados médicos canadenses, notou-se regressão tumural com emprego da cannabis: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21336992

Muitas são as experiências positivas, que, neste espaço Sem Fronteiras de Terra Magazine, já foram tratadas. Por exemplo, a referência à revista científica Molecular Câncer.

Segundo levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Complutense de Madrid referentes a câncer em mulheres, os tumores de mama representam 30% dos diagnósticos.

O grande problema, segundo os cientistas envolvidos na pesquisa, é que em um terço dos tumores de mama estão presentes os chamados receptores ErB2. Vale dizer: tumores dos mais agressivos e, com relação à portadora, a causar poucas chances de sobrevivência. Em especial, quando encontradas células pouco diferenciadas, extremamente invasivas e em condições de se multiplicarem abundantemente.

A resposta aos tratamentos convencionais é insuficiente, sempre segundo os pesquisadores.
O emprego de anticorpos monoclonais contra os ErB2, última novidade no tratamento, não alcançou resultado positivo em 75% das pacientes. E em 15% das que conseguiram resposta ao tratamento houve desenvolvimento de metástases.

Diante desse quadro, os cientistas da Universidade Complutense de Madrid foram à luta, em busca de uma nova forma para tratamento contra os ErB2. Partiram de um dado conhecido: os canabinóides, presentes na erva canábica conhecida popularmente por maconha (marijuana), produzirem efeito antitumoral, conforme experiência in vitro .

Em animais teve início um experimento a base do THC (tetra-hidro-canabinol). Tudo com o emprego de um derivado capaz de agir nos receptores celulares para os canabinóides chamados CB2, que não geram efeito psicoativo. Os canabinóides empregados inibiram a proliferação das células tumorais e impediram o aumento dos vasos sanguíneos que irrigam o tumor.

Os pesquisadores lograram demonstrar que os canabinóides agem, também, na gênese dos tumores. Para eles, o sistema endocannabinóide contribui para manter o equilíbrio interno?. A conclusão que apresentam é a seguinte: ?Os resultados constatados fornecem uma evidência pré-clínica a indicar, fortemente, o emprego de terapias à base de canabinóides e isto para o tratamento do tumor mamário ErB2-positivo.

–2. PANO RÁPIDO. Como já escrevi tempos atrás, muitos são os opositores ao emprego médico-terapêutico da maconha. Parecem viver no começo da Idade Média, período de muitos medos. Aliás, medos causados pela ignorância.
– Walter Fanganiello Maierovitch—
Aviso aos patrulheiros de plantão: não sou petista. Não nutro respeito e nem admiração por nenhum dos partidos políticos brasileiros. Ligo-me às idéias e não a pessoas ou partidos.

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