Combate à violência de cidade colombiana foi base para a criação das Unidades de Polícia Pacificadora cariocas
Projeto da Colômbia já mostra sinais de regressão, com volta do crescimento dos homicídios na cidade
RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO
Numa operação de guerra, as forças de segurança tomam o conglomerado de favelas que constitui o principal bastião do tráfico na cidade. Depois, instalam bases permanentes, que permitem a chegada de outros serviços sociais e jurídicos e a realização de obras para melhorar a vida na comunidade.
Esse roteiro poderia descrever o que está em andamento no Complexo do Alemão, no Rio, e em outras favelas "pacificadas" da cidade. Mas resume o que aconteceu a partir de 2002 na Comuna 13, conjunto de 25 favelas em Medellín, cidade colombiana que já foi considerada a mais violenta do mundo.
O combate à violência em Medellín é modelo inspirador assumido da política de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no Rio de Janeiro. Vem da cidade colombiana também a inspiração para obras como o teleférico do Alemão.
Só que a história de sucesso de Medellín começou a ruir há dois anos, quando a violência voltou a crescer.
Após queda, entre 2002 e 2007, de 184 para 33,8 por 100 mil habitantes, a cidade viu a taxa de homicídios voltar a subir, chegando a 94,5 no ano passado.
Diante da realidade dos números, especialistas e autoridades começaram a reavaliar o que até então era considerada uma receita de sucesso. Hoje há um consenso que os índices de mortalidade caíram mais por um arranjo entre os narcotraficantes, que suspenderam suas disputas internas em prol do negócio, do que pelas UPPs à colombiana e outras medidas instaladas.
Mas a inversão da tendência de queda da violência em Medellín não impediu as autoridades do Rio de Janeiro de continuar citando a cidade como exemplo. No evento neste mês em que assinou convênio para a instalação de postos avançados de serviços judiciários em favelas pacificadas -outra iniciativa que emula Medellín-, o governador Sérgio Cabral disse: "Essa população que ficou ao deus-dará por anos terá justiça. Se em Medellín é possível fazer, por que nós não faremos no Rio?"
O comandante das UPPs, coronel Robson Rodrigues, disse à Folha que a experiência de postos de polícia na Comuna 13 é um modelo para as UPPs. "Há características comuns, como a mortalidade de jovens do sexo masculino nessas comunidades mais carentes."
Rodrigues afirmou, porém, que a cidade colombiana enfrenta alguns "probleminhas" que a diferenciam do Rio. "Os indicadores criminais começaram a crescer. É uma realidade diferente das nossas UPPs aqui, porque nas nossas UPPs os indicadores despencam. O crime de homicídio não existe quase. Lá ainda existe isso."
No primeiro ano das UPPs, porém, o índice de homicídios por 100 mil habitantes no Rio ficou praticamente estável -foi de 34,7 a 34,6. Em Medellín, embora partindo de uma base mais alta, houve queda de 184 para 98,2.
Projeto da Colômbia já mostra sinais de regressão, com volta do crescimento dos homicídios na cidade
RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO
Numa operação de guerra, as forças de segurança tomam o conglomerado de favelas que constitui o principal bastião do tráfico na cidade. Depois, instalam bases permanentes, que permitem a chegada de outros serviços sociais e jurídicos e a realização de obras para melhorar a vida na comunidade.
Esse roteiro poderia descrever o que está em andamento no Complexo do Alemão, no Rio, e em outras favelas "pacificadas" da cidade. Mas resume o que aconteceu a partir de 2002 na Comuna 13, conjunto de 25 favelas em Medellín, cidade colombiana que já foi considerada a mais violenta do mundo.
O combate à violência em Medellín é modelo inspirador assumido da política de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no Rio de Janeiro. Vem da cidade colombiana também a inspiração para obras como o teleférico do Alemão.
Só que a história de sucesso de Medellín começou a ruir há dois anos, quando a violência voltou a crescer.
Após queda, entre 2002 e 2007, de 184 para 33,8 por 100 mil habitantes, a cidade viu a taxa de homicídios voltar a subir, chegando a 94,5 no ano passado.
Diante da realidade dos números, especialistas e autoridades começaram a reavaliar o que até então era considerada uma receita de sucesso. Hoje há um consenso que os índices de mortalidade caíram mais por um arranjo entre os narcotraficantes, que suspenderam suas disputas internas em prol do negócio, do que pelas UPPs à colombiana e outras medidas instaladas.
Mas a inversão da tendência de queda da violência em Medellín não impediu as autoridades do Rio de Janeiro de continuar citando a cidade como exemplo. No evento neste mês em que assinou convênio para a instalação de postos avançados de serviços judiciários em favelas pacificadas -outra iniciativa que emula Medellín-, o governador Sérgio Cabral disse: "Essa população que ficou ao deus-dará por anos terá justiça. Se em Medellín é possível fazer, por que nós não faremos no Rio?"
O comandante das UPPs, coronel Robson Rodrigues, disse à Folha que a experiência de postos de polícia na Comuna 13 é um modelo para as UPPs. "Há características comuns, como a mortalidade de jovens do sexo masculino nessas comunidades mais carentes."
Rodrigues afirmou, porém, que a cidade colombiana enfrenta alguns "probleminhas" que a diferenciam do Rio. "Os indicadores criminais começaram a crescer. É uma realidade diferente das nossas UPPs aqui, porque nas nossas UPPs os indicadores despencam. O crime de homicídio não existe quase. Lá ainda existe isso."
No primeiro ano das UPPs, porém, o índice de homicídios por 100 mil habitantes no Rio ficou praticamente estável -foi de 34,7 a 34,6. Em Medellín, embora partindo de uma base mais alta, houve queda de 184 para 98,2.
FONTE: http://www.fenapef.org.br/fenapef/noticia/index/31452
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